sexta-feira, 17 de outubro de 2008

O OFICIAL E A CAVERNA

Há muitos e muitos anos todos nós procuramos alguém para carregar nossos fardos, às vezes não muito pesados. Isso ocorre porque trazemos dentro de nós aquele medo originário de homens das cavernas, ou seja, o medo de sairmos da caverna e sermos apanhados por algum animal desconhecido e não conseguirmos sobreviver a mais este ataque porque não descobrimos ainda as armas necessárias para isto.
O cumprimento dos encargos do Oficial de Justiça nem sempre é tarefa fácil, pois a clientela da Justiça Federal é das mais diversas. Por exemplo, há pessoas que residem a 30 km do centro da Cidade de Rolante, a 17 km no interior de Taquara, a 16 km do centro de São Sebastião do Caí, outros que residem em Harmonia (você sabe onde é?) ou Linha Nova, quem sabe na Vila Esperança, no Beco do Turvo, ou no Morro do Macaco, e todas elas estão em busca de uma prestação jurisdicional, tanto quanto aqueles que residem aqui no centro de Novo Hamburgo, ou na Vila Rosa, ou no Morro dos Papagaios. Sempre há uns que querem ser encontrados, outros que nunca querem ser. Há aqueles que fogem da Justiça porque já sabem o que fizeram, outros se escondem em locais bem visíveis mas que ninguém os conhece.
Ao par de tudo isto, temos situações muito delicadas: a senhora que está imóvel numa cama há anos, sem poder se comunicar; o senhor que não enxerga nada do que está escrito porque seus olhos foram se esvaindo com o tempo; há aquele que escamoteia, furdunça e enrola para não ser intimado, citado ou cobrado. Sem contar que há os descolados e os desesperados; há os espertos e os desequilibrados; mas há os pobres e os honestos, junte-se os logrados e os laranjas. Enfim, O oficial tem que lidar com todos eles, como se fosse um especialista em combater qualquer tipo de situação. Ainda, tem que sair da caverna todo o dia, para buscar o alimento (prestação do serviço da justiça), independentemente do que possa ocorrer lá fora.
Esta é a questão: quem se preocupa se o Oficial tem que enfrentar todos estes animais que estão fora da caverna? Quem tem alguma especialidade qualquer que possa auxiliar nesta tarefa?
Digo-lhes mais, muitos servidores da Justiça nem conhecem o terreno por aqui. Não conhecem trilhas, caminhos, rios, vales e outros detalhes do mundo externo, porque não moram aqui na região e, quando confeccionam os mandados, não fazem idéia onde estão enviando estes missionários da Justiça. Aliás, nunca se integraram à estas comunidades alcançadas pela Justiça Federal de Novo Hamburgo. Mas isto vou analisar no meu próximo comentário,

Tomazo

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